Rita Gil pinta Gramado

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E ao pintar faz uma evocação a tudo que viu e ainda vê. Expressa uma forma interessante num primeiro momento pois salta aos olhos um rico universo de pontos, todos harmônicos, e que dão vida especial às obras. Acredito que Rita faz dos pontos aquilo que aprendemos nos primeiros anos a respeito da linha. Mostra,  portanto, uma linha temporal ludica, instigante e intrigante. Conversando com Rita, percebe-se a sua intenção em recontar Gramado a partir dos seus atrativos festivos, os quais no curso dos anos da cidade enveredaram para o turismo. A presença do Espírito Santo em forma de pomba, além de bem-dizer a sua origem lusitana, vem para abençoar indiscriminadamente o povo dessa cidade. Se for verdade que os direitos da arte não estão subordinados aos da filosofia ou da ciência, Rita acertou no alvo, ela os condensa e pinta. Observa uma foto antiga e mostra como pode ser feita uma releitura a partir de um processo criativo e não imaginário. Acredito que a pintora evita a subjetividade, esta é reservada exclusivamente a quem observa.  Rita pintou a Festa da Colônia, ao olhar a obra com os olhos voltados para o conceito de culto, a pintura se transforma em palavras, ou seja, a arte dá sinais vivos de linguagem. Quando Rita apresenta os eventos da cidade, na minha modesta opinião, ela está entregando às novas gerações o que talvez ainda não esteja escrito na historiografia da cidade. Rita introduz na sua forma de pintar, além da arte em si, a evolução, o esmero, o cuidado, a atenção, de uma comunidade que ao longo de décadas sulcou o solo e dele evocou o espírito da sua gênese.

                 Gilnei Casagrande (Advogado, Professor e Mestre em História)

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