Foto: Paola F. / Unsplash
Patrícia Viale
(ao som de Ainda Bem, Marisa Monte)
A primavera já se anuncia, em brotos de glicínias, quase em flor aqui em casa. Dentro de algumas semanas a primavera chegará e eu aplaudirei. Estou sentada em frente ao computador criando os planejamentos de conteúdo dos clientes da agência. Esqueci de comentar: trabalho em uma agência de comunicação, a ODB, produzindo textos e atendendo os clientes. Esta semana estou debruçada em datas de setembro, metas e pesquisas. Durmo de quatro a cinco horas diárias nestes períodos de muito trabalho, sonho com flores e por mais cansada que eu esteja, me sinto feliz.
Ainda posso produzir, criar, recriar, limpar, reorganizar, chorar, rir, escrever, cozinhar, vomitar, desmanchar, remontar, caminhar. Ainda posso querer poder. Ainda estou viva. De arrasto, confesso, mas prossigo. Vi amigos e familiares sendo enterrados nos últimos dois anos e o volume de “não vida” tirou o brilho dos meus olhos. Envelheci duas existências, porém viva ainda posso afirmar.
Ontem tive reunião em tela com a Dani, orientadora da especialização de Artes, mais meus colegas a Gessimara e o Douglas. Somos um trio no curso e escreveremos um artigo como trabalho final. Dani, como se escreve quando a vida cansou com tudo?, perguntei para ela ontem. E foi a Dani que me disse para transformar este cansaço em nova energia.
Preciso montar mais um planejamento de setembro, o meu. Um check list de fatos a fazer, outros a evitar, de desejos para sonhar e realizar. Adiciono ainda fugas a desconsiderar. Que setembro sopre leve e cheio de sementes de margarida. Que venha com saúde de ferro, boas surpresas em mensagens e encontros reais. Já sei que os ventos, da estação mais florida, trará um pouco de rinite alérgica, mas ouso dizer que também nos mostrará mais alma nos dias luminosos.
