Sonhos Com Prazo de Validade

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Abra tua janela. Coloque tua cadeira na brecha de sol e reflita. Reflita sobre a vida que estávamos vivendo até então. Pense no passado e nas lembranças, que estão inundando teus últimos quatro meses. Veja o que te faz trancar a respiração. Pergunte, ao teu coração, sobre teus sonhos de criança. Onde moram estes?

Estamos correndo atrás de uma vacina para o vírus. Estamos desesperados pela loucura que vivíamos, e reconhecíamos como normalidade. Estamos, estamos. Mas não somos. Já não nos reconhecemos nos espelhos de alma com cabelos sonhadores mais compridos e brilho diferente nos olhos.

Nossas agendas, agora virtuais, continuam lotadas. Nossas mentes, agora inseguras, continuam lotadas. Já não sonhamos à noite por insônia ou excesso de preocupações. Precisamos, também, de uma vacina para nossos receios. Uma vacina verbo chamada SONHAR.

Esta, talvez, seja a grande pergunta a se fazer nesta pandemia: qual é o meu sonho? E a mais difícil de se responder.

Alguns dirão rapidamente: meu sonho é algo material. E você traça metas para economizar dinheiro, estuda um financiamento e compra o objeto. Você comprou o tal. E o sonho termina. Porque sonhar não é alcançar um objeto ou resultado final. Sonhar é verbo, é ação. É algo que te mova todos os dias, que te faça acordar e sair da cama. Que te faça começar. Recomeçar. Tenha sol ou chuva. Frio ou calor. Tristeza ou alegria.

Sonho não é meta. Sonho tem a ver com impulsão. Se relaciona com uma matéria etérea, como as nuvens, que te fazem fluir.

“Eu sonho ser médica para tratar pessoas doentes”. É o sonho de cuidar, de melhorar a vida, de ver o mundo sarar. Não é meta a ser superada. É sonhar em servir, ajudar, reconstruir. Sonho faz a gente continuar todo dia.

Sonho não se supera. Sonho te faz ultrapassar as adversidades. Sonho resgata a tua humanidade. Meta te aproxima do mundo das máquinas. Preenche, executa, finaliza, objetiva. Liga e desliga.

Nosso mundo sempre precisou de sonhadores, mas nunca soube acolhê-los. Sonhador ameaça a rotina das máquinas, que são tão precisas. Sonhador se permite folga, contemplação. Sonhador se permite o não se apavorar diante do perigo. Sonhador olhar diretamente nos olhos do quê causa o susto. E vive. Sonha em vida.

A vida não tem precisão alguma, muito menos ritmo cadenciado. Podemos sim, nós humanos, vivermos saltos evolutivos. Um pouco aqui, um monte ali (ou ao contrário). Fato que para uma máquina seria o fim. A vida não pede nada. Ela insinua. Mas de tanto ser ignorada na sua essência, ela agora joga na cara: cadê o teu sonho? Ele será o novo braço dado de agora e diante.

7 respostas

    1. Tu teve participação neste texto Giulia! Tu é uma sonhadora! Continue assim: sonhadores iluminam o mundo!

  1. Paty, ha muitos anos ( 30 exatamente!!) Que admiro teus textos, cheios de talento e sensibilidade! Me surpreendi ainda mais com esse texto lindo poetico, profundo! Parabéns! Acredito em tudo que escreveste com tanta verdade e em ti! Siga escrevendo para nossa felicidade e desenvolvimento continuo! Grande beijo!

    1. Como é bom reencontrar as amigas Angele!!! Uma vez por semana tu vai poder acompanhar minhas palavras aqui. E espero que elas toquem teu coração por mais três dezenas de anos!!!

  2. Amei seu blog 🙂
    Bom…
    Queria saber se você toparia fazer um publi post no seu
    blog. Caso você tenha interesse em saber mais. Me chama
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